quarta-feira, maio 03, 2017

Fim?

Ah, a morte. Quando achamos que estamos preparados, lá vem ela, nos dá uma rasteira e cava um buraco profundo na vida. Uma amiga querida faleceu hoje. Paciente de hipertensão pulmonar, estava internada há um tempo em um bom hospital e as notícias dos últimos dias, de certa forma, nos preparavam para o final da vida. Então por que a morte, ainda assim, surpreende e assusta? Tento acreditar que agora ela está bem, respirando livremente e que não merecia passar por tanto sofrimento. A notícia de que ela partiu tranquila me consola. Mas ainda assim, pelo menos hoje, a morte para mim significa apenas o fim e às vezes aceitar a finitude da vida é tão difícil. Tão desolador. 

domingo, abril 16, 2017

Vem e vai

Recomeços. Desde 7 de fevereiro de 2013, quando a Stefany faleceu, sinto que a vida é feita de pequenos recomeços. Diários, cotidianos, difíceis, mas necessários e renovadores. 

Estamos no feriado da Páscoa. Não sou religiosa, mas entendo a Páscoa como esperança e renascimento. E, por que não, como recomeço. Passei o feriado em Goiânia, com a Buzu e o Júnior. E como foi bom e cheio de vida! Cada vez mais entendo que o que faz a vida valer a pena são os momentos bons que vivemos e as pessoas que amamos. E estou voltando para Brasília renovada, depois de boas conversas, comida gostosa, mimos e amor. 

Foi por um desses momentos bons em Goiânia que estou escrevendo aqui hoje. Buzu e eu passamos um bom tempo ontem tentando resgatar o que ainda existia de arquivo de um blog antigo da TT. Encontramos alguns arquivos do meu primeiro blog, o "Ahneim". E redescobrimos dois blogs meus que ainda estavam ativos, o "Bloco de anotações" e o "Vaivém". E eu nem me lembrava mais deles. Juntamos todos os arquivos - que não são muitos - aqui, no "Vaivém". 

"Vaivém" é um nome que ainda faz sentido para mim. Eu já estava com desejo de voltar a escrever, mas não conseguia me mover para isso. Parecia algo simples, mas fui postergando. Até que reencontrei estes dois blogs perdidos, com posts de 2006 e 2007. E com os comentários ainda intactos. Comentários da TT, entre eles, o que faz tudo ficar mais forte aqui dentro. Foi incrível reler alguns textos escritos pela Flávia de 10 anos atrás. Tempo em que a vida era tão diferente. Eu ainda fazia faculdade de Jornalismo, morava com a Stefany na Asa Norte, Luciano voltava de Londres e moraria ainda alguns meses sozinho. De lá para cá, um mundo de coisas aconteceu. 

Em 2008, fui morar com Luciano, Stefany foi morar sozinha. Começamos a trabalhar no mesmo lugar, nós duas, no Correio Brasiliense. Depois trabalhei em uma agência de comunicação, passei no concurso da EBC, onde continuo até hoje. TT ficou doente no começo de 2012 e o diagnóstico de hipertensão pulmonar mudou as nossas vidas. E nossos caminhos.

Acho que ainda tenho muito da Flávia do começo deste blog. Mas sou diferente hoje. Não apenas por tudo que vivi - principalmente a morte da minha irmã. Mas porque a vida é feita de movimentos e pequenos recomeços.

Dez anos depois, estou aqui. Com um pouco da minha história nos arquivos aqui ao lado e com um futuro para escrever. Vem e vai,  vai e vem. Vida que segue! 

Obrigada, Buzu, pela redescoberta conjunta disso tudo. Sem você, eu não estaria escrevendo textão de recomeço de blog mais uma vez. <3

quinta-feira, maio 24, 2007

Vai tomar no cú, vai tomar no cú, bem no meio do seu cú...

Eis a música mais cantada no jornal. Tão desbocados meus colegas de trabalho. Mas, sejamos sinceros, ô musiquinha boa de cantar!
E ontem à noite recebi um telefonema de Campo Grande. Eram dez e meia da noite e lá do outro lado da linha tinha uma amiga com frio, bebendo vinho, e contando causos do Mato Grosso do Sul. Reza a lenda que o IPHAN de lá é IPHAMS, Instituto de Patrimônio Histórico do Mato Grosso do Sul. Ao menos a superintendente entende assim. Os técnicos, historiadores e arquitetos (uma equipe formada por três profissionais) não têm acesso a nenhum site na internet que não seja o do IPHAN. Nem a página do Ministério da Cultura entra lá. Nada. Telefone? Lá não se pode fazer ligações. Trata-se de um local de trabalho, ora bolas. Nas palavras da minha amiga, Campo Grande é Goiás na década de 40. Existem os donos da cidade. A mulher do IPHAN é uma delas.

Reza outra lenda que uma pessoa do IPHAN de Campo Grande ligou para o escritório do instituto em uma cidade lá perto. Do outro lado da linha, uma mocinha simpática, a secretária, atendeu: IP-HAN, boa tarde?!

quarta-feira, maio 23, 2007

Conversei pelo MSN com uma amiga dos tempos da faculdade em Goiânia. A Maíra. Ô menina querida, ô saudade daquele sorriso grande. Contava para ela que alguns ex-colegas nossos da História hoje estão como professores convidados da Universidade Católica de Goiás, onde estudamos. E que ela precisava entrar também naquele departamento e sair do mundo burocrático do Iphan em Campo Grande. Daí entrei no site da UCG, para bisbilhotar o corpo docente da História. (Tão desatualizado que lá tem até o nome do Paulo, o "Deus", acredita, Helô?) E não é que abriram concurso? Apenas duas vagas, uma para história do brasil e outra para teoria da história. Para a primeira, tem que ter mestrado. Para a segunda, doutorado. Ela entraria na vaga de Brasil. Na banca, um ex-professor, ex-companheiro de viagens. O mundo acadêmico é recheado de panelinhas. Impressionante. Os anos se passam e dão voltas. Amigos e ex-colegas de sala de aula voltando para a universidade, agora como professores da graduação. Estou feliz no jornalismo, chega de curso de graduação. Mas me deu saudade da História. Uma dia voltarei ao meu curso querido. Nem que seja para adquirir mais "cultura".
Mais um dia no jornal, mais um dia de aula na faculdade.
Hoje eu queria sumir por uns dias, viver outras vidas, conhecer outros lugares e outras pessoas. O mundo é bão, Sebastião. E grande como ele só.

Ela faz cinema

Ela faz cinema

Ela é assim

Nunca será de ninguém

Porém eu não sei viver sem

E fim

Chico Buarque. Ele, tão lindo, ali, bem na minha frente. Depois de quase dez anos, Chico voltou a Brasília. Namorado ficou sete horas na fila para comprar os ingressos, que custaram R$ 100, cada um. R$ 100. Uma quantia que faz diferença no meu riquíssimo orçamento mensal. Mas, bem, era o Chico. Sabe-se lá quando eu teria essa oportunidade de novo. E show para mim é muito mais que ouvir um disco. Muitos valem cada centavo cobrado. O do Chico valeu. Se eu tivesse dinheiro, iria de novo, no segundo dia de apresentação em Brasília.

No final do show, depois de voltar duas vezes com pedidos de bis, ouço uma fã que passou as duas horas anteriores gritando "lindo", bem ao meu lado. "Ele não interage com a platéia, né? Não fala nada, só boa noite e obrigado". Quase viro para ela e pergunto: "precisa de mais?". Juro que não é porque eu daria para o Chico que acho que não precisava de mais. O Boa noite, Brasília com aquele sorriso feliz já estava de bom tamanho. Era ele ali na frente, cantando, sorrindo, dançando, vivendo. E dividindo aquele momento comigo. E com mais de duas mil pessoas, claro. Entre elas, o Lula. O que importa é o momento. É a emoção que senti a cada música cantada. É o sorriso que eu sorria, a lágrima que eu chorava. Dou tanto valor a momentos como esse. À música, a teatro, a viagens. A momentos que vivemos, que nos dão emoção. São pelinhos arrepiados no braço, sabe? Para mim isso é viver.