quinta-feira, maio 24, 2007

Vai tomar no cú, vai tomar no cú, bem no meio do seu cú...

Eis a música mais cantada no jornal. Tão desbocados meus colegas de trabalho. Mas, sejamos sinceros, ô musiquinha boa de cantar!
E ontem à noite recebi um telefonema de Campo Grande. Eram dez e meia da noite e lá do outro lado da linha tinha uma amiga com frio, bebendo vinho, e contando causos do Mato Grosso do Sul. Reza a lenda que o IPHAN de lá é IPHAMS, Instituto de Patrimônio Histórico do Mato Grosso do Sul. Ao menos a superintendente entende assim. Os técnicos, historiadores e arquitetos (uma equipe formada por três profissionais) não têm acesso a nenhum site na internet que não seja o do IPHAN. Nem a página do Ministério da Cultura entra lá. Nada. Telefone? Lá não se pode fazer ligações. Trata-se de um local de trabalho, ora bolas. Nas palavras da minha amiga, Campo Grande é Goiás na década de 40. Existem os donos da cidade. A mulher do IPHAN é uma delas.

Reza outra lenda que uma pessoa do IPHAN de Campo Grande ligou para o escritório do instituto em uma cidade lá perto. Do outro lado da linha, uma mocinha simpática, a secretária, atendeu: IP-HAN, boa tarde?!

quarta-feira, maio 23, 2007

Conversei pelo MSN com uma amiga dos tempos da faculdade em Goiânia. A Maíra. Ô menina querida, ô saudade daquele sorriso grande. Contava para ela que alguns ex-colegas nossos da História hoje estão como professores convidados da Universidade Católica de Goiás, onde estudamos. E que ela precisava entrar também naquele departamento e sair do mundo burocrático do Iphan em Campo Grande. Daí entrei no site da UCG, para bisbilhotar o corpo docente da História. (Tão desatualizado que lá tem até o nome do Paulo, o "Deus", acredita, Helô?) E não é que abriram concurso? Apenas duas vagas, uma para história do brasil e outra para teoria da história. Para a primeira, tem que ter mestrado. Para a segunda, doutorado. Ela entraria na vaga de Brasil. Na banca, um ex-professor, ex-companheiro de viagens. O mundo acadêmico é recheado de panelinhas. Impressionante. Os anos se passam e dão voltas. Amigos e ex-colegas de sala de aula voltando para a universidade, agora como professores da graduação. Estou feliz no jornalismo, chega de curso de graduação. Mas me deu saudade da História. Uma dia voltarei ao meu curso querido. Nem que seja para adquirir mais "cultura".
Mais um dia no jornal, mais um dia de aula na faculdade.
Hoje eu queria sumir por uns dias, viver outras vidas, conhecer outros lugares e outras pessoas. O mundo é bão, Sebastião. E grande como ele só.

Ela faz cinema

Ela faz cinema

Ela é assim

Nunca será de ninguém

Porém eu não sei viver sem

E fim

Chico Buarque. Ele, tão lindo, ali, bem na minha frente. Depois de quase dez anos, Chico voltou a Brasília. Namorado ficou sete horas na fila para comprar os ingressos, que custaram R$ 100, cada um. R$ 100. Uma quantia que faz diferença no meu riquíssimo orçamento mensal. Mas, bem, era o Chico. Sabe-se lá quando eu teria essa oportunidade de novo. E show para mim é muito mais que ouvir um disco. Muitos valem cada centavo cobrado. O do Chico valeu. Se eu tivesse dinheiro, iria de novo, no segundo dia de apresentação em Brasília.

No final do show, depois de voltar duas vezes com pedidos de bis, ouço uma fã que passou as duas horas anteriores gritando "lindo", bem ao meu lado. "Ele não interage com a platéia, né? Não fala nada, só boa noite e obrigado". Quase viro para ela e pergunto: "precisa de mais?". Juro que não é porque eu daria para o Chico que acho que não precisava de mais. O Boa noite, Brasília com aquele sorriso feliz já estava de bom tamanho. Era ele ali na frente, cantando, sorrindo, dançando, vivendo. E dividindo aquele momento comigo. E com mais de duas mil pessoas, claro. Entre elas, o Lula. O que importa é o momento. É a emoção que senti a cada música cantada. É o sorriso que eu sorria, a lágrima que eu chorava. Dou tanto valor a momentos como esse. À música, a teatro, a viagens. A momentos que vivemos, que nos dão emoção. São pelinhos arrepiados no braço, sabe? Para mim isso é viver.

terça-feira, maio 22, 2007

Sim, estou vida. Não, ainda não abandonei o blog. Nem criei outro. Esse lado mutante-obsessivo eu deixo pra ela. Abri hoje a página do blogger, meio sem quer querendo, sabe como é. Deixo apenas um sinalzinho de vida. Daqui a pouco eu volto, para escrever um pouco da vida, do Chico, de São Paulo, do jornal e do que mais eu bem entender.

terça-feira, março 20, 2007

Passei o fim de semana em casa. Não ia a Patos desde agosto, antes do namorado voltar de Londres. Quando coloquei os pés em casa, me dei conta de como o tempo passa rápido. E de como somos atropelados por ele. Foram três dias apenas, mas deu para descansar, recarregar a bateria, ir ao dentista, matar saudade da família, rever duas amigas loucas e lindas, ler metade de Tête-à-Tête, fazer esteira, ver televisão, comer comida gostosa, tomar sorvete da Sideral, pensar pensar e pensar. E ontem, quando voltei para Brasília, chorei. Chorei de saudade dos três dias que passaram tão rápido. Chorei porque é bom sentir que existe um lugar onde me sinto em casa, onde me sinto protegida das maldades do mundo, onde me sinto em paz.
Sair da Vivo é mais difícil do que entrar.
Putz!!

quarta-feira, março 14, 2007

O lado bom de turnês é eu poder me comunicar com as pessoas, é fazer música ao vivo no palco, é ir a vários lugares diferentes. O lado ruim é muita viagem, muito hotel, muita descontinuidade na vida, muito ponto e vírgula, dois pontos. Por ter os dois lados que eu administro o tempo das minhas turnês. Preciso de para ver show dos outros, para ir ao cinema, para ficar com amigos, com meu filho e minha família. Tenho de cuidar da minha saúde, física, psicológica e emocional.

As frases são da Marisa Monte, com quem acabei de conversar. A entrevista tinha tempo determinado. 15 minutos. Mas foram suficientes para descobrir que ela é uma pessoa com quem eu teria vontade de conversar durante um dia inteiro. Ela tem uma voz tranquila e doce. E ao mesmo tempo forte. Vai pra minha lista de artistas bons de dar entrevista. Só não ganha do Moska. E olhe lá.

Mais uma coisa. Sobre ritmo de turnês e tempo para cuidar de si mesma, ela comentou que a gravidez a fez também impor um ritmo novo na carreira. E perguntou, não como aquelas pessoas que perguntam sem nem prestar atenção na resposta, se eu já era mãe, para entender mesmo do que ela estava falando.

Então, quem puder, assista ao show. E cante muito por mim.
Quatro anos de namoro, falta uma semana.

Eu quero te dar
E quero ganhar o que você me der
Eu quero te amar
Até não saber mais o que isso é
Eu quero querer
Igual a você assim sem disfarçar
E quero escrever
Uma canção de amor para nos libertar
Post porque amanhã é dia do consumidor

Nunca fui muito de colocar na prática o verbo comprar. Sou pão-dura, pelo menos quando o assunto é comprar alguma coisa pra mim. Se eu tivesse dinheiro sobrando, compraria uma bolsa nova, uns dois sapatos, saias e blusas. Mas nada em muita quantidade. Acho que preferiria guardar dinheiro. Poupar. Para viajar, para montar um apartamento, para deixar guardado. Quando resta apenas um pouquinho do meu salário na conta fico para ter um treco. Evito comer na rua, como pão de sal de manhã e à noite, tenho dó até de comprar um brigadeiro. Sou murrinha.

Mas ontem, no dia em que recebi meu salário, fui ao shopping com namorado. Deixamos a Vivo que só dá dor de cabeça e nos mudamos para a Tim. Plano bacana, tudo novo de novo. Mudanças. Sei que toda empresa de telefonia tem seus problemas. E que celular é um troço que acaba dando dor de cabeça. Mas preferimos arriscar. Na Vivo virou questão de orgulho, de honra, de ódio mesmo. Odeio os atendentes da Vivo. Semana passada uma garota me ligou para dizer que eu posso retirar mais um aparelho celular novo, gratuitamente. Eu disse que pago para sair, mas não aceito mais nada de graça deles. E ela ficou toda sem graça. Começou a gaguejar. E disse: "mas a Vivo quer atender aos pedidos dos seus adoráveis clientes". Adoráveis. Adoráveis!!!!!! Custei a acreditar que ela disse essa palavra, adoráveis. Mas, enfim, voltando ao dia do consumidor e às compras, o que eu queria contar mesmo é que na negociação com a Tim Luciano ficou com o aparelho que era do Im e que antes era da Renata, e eu fiquei com um Samsung C400, lindo lindo lindo. Lindo e chique. Não consegui sequer colocar nomes na agenda. Pobre eu, tão da roça. Como a Irislene Stefanelli.

Saímos da Tim e fomos passear na Leitura. Assim, como quem não quer nada. Não resisti. Não consegui esperar que ela me emprestasse o Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre: Tête-à-Tête. Comecei a ler hoje mesmo. Sabe quando uma criança ganha presente novo e quer andar com ele pra cima e pra baixo? Pois é. Sou eu com esse livro.

Mas as compras não terminam aí. Também como quem não quer nada, Lu perguntou para o vendedor da Leitura se o DVD do Moska já tinha chegado. E não é que estava lá? Como eu já tinha comprado o livro, levei pra casa apenas o DVD + Novo de Novo. Namorado se permitiu levar o DVD e o CD. E fomos pra casa ontem mesmo assistir. É maravilhoso, maravilhoso! Com o show gravado em 2004 no Teatro da Caixa (lá estávamos nós), misturado a um documentário-ficção bem feito e de bom gosto. Vale a pena assistir. O único defeito que encontramos no DVD é que aparece quase que somente o Moska, tão narcisista. Namorado, eu, TT, Angelo e Marleane aparecemos poucas vezes na platéia. Acho que merecíamos mais destaque, sabe? ;)

domingo, março 11, 2007

Suponhamos que eu queira escrever um post como a Clarice escreveu uma crônica, o que é verdade. Suponhamos que eu esteja com uma vontade danada de ir embora, de fugir do trabalho, de sair correndo sem rumo nem lenço nem documento, o que é verdade. Suponhamos que eu sonhei a noite inteira com Paris, o que é verdade. Suponhamos que esses sonhos percorrem a minha mente porque quando penso em felicidade e em amor uma das primeiras cenas que me vêm à cabeça sou eu, ele, nós dois, andando de mãos dados na beira do rio Sena, o que é verdade. Suponhamos que viajar e viver em lugares diferentes pode ser bem mais interessante do que juntar grana pra comprar apartamento e fixar morada em uma cidade, na qual se vive há anos e anos e anos, o que é verdade. Suponhamos que o contrário também pode ser interessante, o que é verdade. Suponhamos que eu precise ler mais, ver mais, ouvir mais, o que é verdade. Suponhamos que administrar o tempo das nossas vidas não é uma tarefa tão fácil assim, o que é verdade. Suponhamos que eu queira tanto um bolo de chocolate agora, o que é verdade. Suponhamos que eu esteja mais uma vez empolgada com academia, o que é verdade. Suponhamos que domingo em Brasília é um dia parado e triste e sem graça, o que é verdade. Suponhamos que eu não saiba nem um décimo de tudo o que precisava saber pra viver nesse mundo cheio de informações, o que é verdade. Suponhamos que a Clarice, a Lispector, suponha bem mais do que eu, o que é verdade.

Suponhamos que eu esteja triste, o que é mentira.

quinta-feira, março 01, 2007

Um carinha pulou hoje do terceiro andar do Pátio Brasil. Mais um. O Pátio virou uma opção de lugar para cometer sucicídio, vai acabar com o primeiro lugar da Torre de TV. Como esse mundão da internet é uma coisa muito maluca, quem quiser ver o carinha hoje no Pátio é só acessar o You Tube. Digitei "morte no pátio" e achei. E tragédia vira entretenimento. Cruel.
Faz tanto tempo que não escrevo aqui. Carnaval já passou. Logo, o ano começou. Não dizem que o Brasil só funciona depois das festas de Carnaval? Pois é. Mas o meu ano começou antes. E passeio o feriado todo trabalhando. Foi mais tranquilo do que eu imaginava. O que não quer dizer que não foi cansativo. Conheci de perto o Pacotão, bloco de rua mais irreverente de Brasília. E adorei o que vi. Cobri o bloco dois dias. No segundo, deixei o bloquinho de lado e fiquei dançando, tentando me divertir enquanto trabalhava.

As aulas recomeçaram. Tenho textos para ler. Hoje é o penúltimo capítulo da novela das oito e eu quero assistir. Estou programando duas viagens para este mês. Fevereiro já acabou, u-a-u. Como o tempo voa. A Siri saiu do BBB. O Diego ficou e hoje deve cortar o cabelo. Morro de rir todos os dias com esse blog.

Li Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Montag, um bombeiro, acha que é feliz. Tem emprego, família e uma casa cheia de conforto. Ele vive de queimar livros, num tempo de totalitarismo em que ler livros era proibido. E desnecessário. Mas um dia a felicidade de Montag é questionada. A curiosidade o faz perguntar o que há naqueles livros que queima todos os dias, que faz com que algumas pessoas arrisquem sua vida para protegê-los. Por querer ler, pensar, descobrir, é perseguido como inimigo da sociedade, como traidor. O final do livro? Surpresa. hohohohoho O livro virou filme, de François Truffaut. Ainda não o vi. Mais um título para a minha lista de "filmes que preciso ver antes de morrer".

sábado, fevereiro 17, 2007

E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, o lelê, ai que vida boa, o lalá
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, o lelê, ai que vida boa, o lalá
Gosto disso. De acordar e não ter ninguém em casa. Música alta, janelas todas abertas. Posso andar sem roupa pelo apartamento. Fazer o que eu bem entender. E ainda por cima não precisar conversar com ninguém. É assim a tal chamada liberdade?
Hoje é sábado, meu único dia de folga nesse carnaval. Stefany e Igor saíram de Brasília cedinho, rumo a Patópolis City. Confesso que me deu até um aperto no peito. Vontade de ir na mala, de fugir, de descansar um pouco. Mas tenho de ficar aqui, não tem outro jeito. Ossos do ofício. É melhor aceitar e encarar tudo numa boa. Carnaval é descanso para muitos e trabalho para outros tantos. Um dia estarei do outro lado e até sentirei saudades dessa correria toda. Pelo menos eu acho que sim.

Amanhã tenho de cobrir o carnaval do Sara Nossa Terra de manhã. Baratinha no início da tarde. Pacotão logo em seguida. E, segundo um dos meus chefes, achar alguma coisa de política. Perguntei à minha editora se posso colocar uma pitada de ironia e brincadeira nas matérias. A resposta foi sim. Então amanhã esse povo que me aguarde.

Hoje, meu único dia de folga, eu poderia acordar tarde. Mas preferi sair da cama às 9h. Quero arrumar a casa, passar um pouco de roupa, ler algumas coisas na internet, ouvir música, ir ao supermercado. À tarde, ficar "grudada" no namorado. E só desgrudar amanhã, quando volto ao batente.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Hoje eu só queria a minha cama...
E o relógio não passa. Tic tac tic tac...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

14 de fevereiro.
Valentine's Day
;)
Hoje acordei com a sensação de ter sido atropelada por uma frota de caminhão. Com dor de cabeça, dor de garganta, dor no corpo, sono, cansaço, nariz entupido, frio e uma vontade muito muito muito muito grande de passar a manhã toda debaixo da coberta. Mas como trabalho é trabalho eu respirei fundo, tomei coragem e levantei da cama. Passei o dia meio mole, sonhando com uma noite muito bem dormida. Minha digníssima irmã acabou de recomendar que eu tome remédio direitinho para melhorar logo dessa urucubaca. Ela sabe que ando meio avessa à remédio. Mas essa madrugada eu não resisti. Acordei sem conseguir respirar, sem conseguir engolir. Pedi socorro ao cataflan. E até que deu uma aliviada. Mas agora, às 18h, preciso tomar coragem para ir à faculdade. Três horas de aula. que o dia termine bem.
Recebi hoje um presentão. Uma carta da Clarice Lispector para uma amiga. Quando comecei a ler, me lembrei de todo o resto. Obrigada, amore. Para ler e reler e reler e reler e reler de novo.

Berna, 2 de janeiro de 1947

Querida, Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois que uma pessoa perde o respeito a si mesma e o respeito às suas próprias necessidades - depois disso fica-se um pouco um trapo.

Eu queria tanto, tanto estar junto de você e conversar e contar experiências minhas e dos outros. Você veria que há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Eu mesma não queria contar a você como estou agora, porque achei inútil. Pretendia apenas lhe contar o meu novo caráter, um mês antes de irmos para o Brasil, para você estar prevenida. Mas espero de tal forma que no navio ou avião que nos leva de volta eu me transforme instantaneamente na antiga que eu era, que talvez nem fosse necessário contar. Querida, quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu... em que pese a dura comparação... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante. Espero que no navio que me leve de volta, só a idéia de ver você e de retomar um pouco minha vida - que não era maravilhosa mas era uma vida - eu me transforme inteiramente.

Uma amiga, um dia, encheu-se de coragem, como ela disse e me perguntou: "Você era muito diferente, não era?". Ela disse que me achava ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou esta calma excessiva é uma atitude ou então ela mudou tanto que parece quase irreconhecível. Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de cinqüenta anos. Tudo isso você não vai ver nem sentir, queira Deus. Não haveria necessidade de lhe dizer, então. Mas não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você mesma uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver.

Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Isso seria uma lição para mim. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade de alma.
Tua Clarice

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Ontem foi o primeiro dia de aula de verdade. Jornalismo empresarial. O professor tem mestrados em Londres, Tóquio, em alguma cidade dos Estados Unidos cujo nome não me lembro, além de um currículo pomposo. O que não quer dizer necessariamente que o cara seja bom. Mas pelo menos me pareceu sério e não mais um pilantra que quer apenas ganhar uma grana extra. Gostei da aula. Planos de negócios, comodificação da informação, outros termos técnicos que nem sei o que significam. Ele disse que não quer que saibamos apenas escrever releases para empresas públicas e privadas. Mas montar uma empresa de comunicação caso esse seja o nosso objetivo daqui a uns anos. Nos últimos tempos tenho me interessado mais por esse lado econômico e empresarial do jornalismo. Acho que todo jornalista deve entender um bocado de negócios. Saber qual grupo domina qual veículo, quem comprou quem. Esse lado meio obscuro, meio secreto, do mundo da comunicação. Eu sou uma analfabeta nesse assunto. Acho que chegou a hora de aprender.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Quase cinco da tarde. Eu na redação. Almocei às 11h30, então a fome já estava sobrevoando meu estômago. Fechava uma matéria sobre o decreto que dá autonomia para policiais civis e militares fecharem bares caso constatem "ameaça iminente de ocorrência grave no local" quando o fotógrafo do jornal chegou com um embrulho de presente para mim. Três kibes do Beirute!! Para escrever minha matéria, conversei com um dos donos do bar. Depois pedi ao fotógrafo para passar lá e fazer uma foto. E o cara mandou essa lembracinha, tão gostosa. Pra você morrer de inveja. Coisas boas dessa nada mole vida de jornalista.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Engraçado como temos prontos vários discursos, sobre tudo o que nos diz respeito. Hoje, quando o despertador tocou às 7h20 da madrugada, pulei da cama. Sabia que se enrolasse dois minutos que fosse eu ficaria debaixo do cobertor até 8h30. Comi uma banana, coloquei calça, camiseta e tênis, peguei o guarda-chuva, um casaco e uma toalhinha, e saí de casa. Sem pensar muito. Antes que eu desistisse. Há uma semana não ia à academia. E, definitivamente, não vou gastar dinheiro à toa. Dinheiro é algo que não anda sobrando, muito pelo contrário. E foi apenas essa questão monetária que me fez ter coragem de sair da minha cama, às 7h35 da manhã, e sair naquele frio e chuva de verão. Enquanto andava até chegar à academia, dizia para mim mesma: não nasci para acordar cedo, não mesmo, não continuarei me enganando assim, irei à academia três vezes por semana e pronto, pra quê fingir acreditar que irei de segunda a sábado se não cnseguirei acordar cedo todos os dias? e no mais, acordar cedo é sacrifício, não é nada nada bom. não posso me obrigar a fazer sacrifícios assim. sei que malhar é importante, mas não preciso emagrecer assim rapidamente, posso tentar ir com mais calma. Cheguei à academia. Alonguei. Vinte minutos de esteira. Bom, bom. Depois, 25 minutos de transpoting (não me lembro como escreve, mas tudo bem). Abdominais, poucos. Alongamento novamente. Caminho de volta à casa. Ok, nem foi ruim, me sinto tão bem depois de fazer exercício que vale a pena, sim, acordar mais cedo. basta não pensar muito quando o despertador tocar. levante da cama e saia. preciso emagrecer, não estou satisfeita com meu corpo, tenho de agir então. ficar dormindo mais 40 minutos não irá diminuir o meu sono e minha vontade de dormir. o ideal seria acordar às 9h30 todos os dias, mas como existe uma coisa chamada trabalho na minha vida, acordar cedo agora é obrigação. então que eu acordei mais cedo um pouco e faça algo de útil por mim mesma. preciso pensar mais em mim, na minha saúde. e, uau, olha que disposição, estou me sentindo bem melhor. amanhã irei novamente, está decidido. quanto mais vezes por semana, melhor.

Ser humano é um bicho curioso. Usa o cérebro para, dia após dia, convencer a si mesmo.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

E sobre o fim de semana, restou muitas boas lembranças. Renata e Júnior passaram um pouco mais de 24 horas em Brasília. Mas foi tão tão tão bom. Boa conversa e muita risada. Precisamos fazer isso mais vezes. Vocês passam dois dias aqui, nós passamos dois dias aí. Até a mudança definitiva de vocês para cá. Afinal, emprego é o que não falta, né? hihihihihi
Hoje (re)começam as aulas. Não terei mais as minhas noites para ir à academia, ver novela, ir ao cinema, passear. Coisas da vida. Falta apenas um ano, três já se foram. Coragem, coragem.

Mas, por incrível que pareça, estou até animadinha. Tenho planos e sonhos para buscar. Agora preciso sentar, pensar e organizar melhor as 24 horas do meu dia. O que, pra mim, é a parte mais difícil. Organização e disciplina. Quem sabe eu consigo ;)
Estou bem, pessoas. Meia garrafa de vinho me deixou mais carente e chorona do que o normal. Mas, confesso, adorei receber tanto carinho nos comentários do post ali embaixo. Desse jeito eu fico dramática e chorona todos os dias. E vocês não me suportariam mais.

domingo, fevereiro 04, 2007

sábado, fevereiro 03, 2007

Acabei de chegar do cinema. Assisti ao filme À Procura da Felicidade. Quando li a sinopse no caderno de cultura, pensei na hora: que filme chato. Mas não sei se hoje eu já tinha passado o dia pensando em planos e planos para o futuro, em como precisamos ter coragem e ir atrás do que queremos, que isso acabou interferindo no meu gostar do filme. Gostei, ponto. Até chorei. O que nem é difícil acontecer.

Mas o melhor foram as companhias. Rafa e Alê, duas colegas de trabalho. Depois de uma semana pauleira, fechamos as matérias de fim de semana e corremos pra pegar a sessão das 21h. Chegamos 10 minutos atrasadas, mas a tempo de pegar o início do filme. Um corre-corre que valeu a pena.

Agora preciso dormir. Pra acordar cedo e esperar minhas visitas. ?
Nina, você não é a primeira que reclama da letra branca no fundo amarelo. Mas gosto tanto desse amarelim. Um dia eu troco (leia-se a ela troca). Mas não se preocupe. Hoje você viu o Chico Buarque. Problema de vista, depois de uma cena assim, você não terá nunca!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Amanhã já é sexta-feira. Impressionante. Esta semana passou voando. Aniversário do namorado passou, domingo acabou, e lá se foram segunda, terça, quarta e, agora, quinta. Fiz matérias sobre a implosão da Bibabô, sobre o novo cinema de Brasília, sobre pesquisa de emprego e desemprego e tantos outros assuntos. Vi de perto os barracos que foram derrubados na invasão do Setor de Inflamáveis, próximo à Estrutural. Conversei com catadores de lixo que ganham R$ 150 por mês, têm uma penca de filhos, moram em barracos e vivem cercados de lixos e mosquitos por todos os lados. E descobri que é ter a possibilidade de conhecer de perto esses lugares, de conversar com pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais, que me dá energia para trabalhar todos os dias. Porque esse clima de jornal, essa barulheira, essa pressão, essa concorrência maluca, tudo isso me faz ter vontade de passar menos tempo no trabalho. E ter mais tempo livre.

E segunda começam as aulas. Não li sequer um décimo dos livros que planejei ler. Não vi metade dos filmes que queria assistir. Não estudei, não fui a todos os médicos, não viajei. Cada dia eu percebo mais que não adianta esperar o momento certo para fazer coisa alguma nessa vida. Fico pensando que quando eu acabar a faculdade, terei tempo à noite para ir à academia, para passear, para namorar, para conhecer lugares e pessoas diferentes. Que nada. Sempre terei compromissos para cumprir, cansaço para descansar, sono para dormir, comida para comer, roupa para lavar, casa para arrumar. Temos de arrumar tempo é agora. Carpe Diem.

sábado, janeiro 27, 2007

Como se não bastasse um aquariano na minha vida, hoje é aniversário dela também. Minha desorientadora-amiga-conselheira-sumida. O abraço você recebe quando vier em Brasília me visitar. Combinado?
Porque hoje é aniversário dele.
Com quem meu riso é mais feliz...

Te amo, Luciano. Muito muito muito muito...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Café, café, café. O que mais tomei hoje e também sobre o que mais pensei. Depois de uma manhã inteira envolvida em conversas sobre café e algumas xícaras, também de café, estou aqui, às 23h30, cansada depois de uma semana de trabalho, sonhando em dormir umas dez horas seguidas.

O problema é: cadê o sono que estava aqui?
PianOrquestra. Cinco músicos, dez mãos, um piano. Namorado e eu fomos ontem ao Teatro da Caixa assistir ao espetáculo desse grupo, PianOrquestra. O ingresso custava R$ 2, a meia. Mas como comprar ingresso para a maioria das apresentações na Caixa Cultural é foda, porque tudo acaba muito rápido, resolvi usar a função de jornalista. Um dia antes pedi cortesias à assessoria de imprensa. Chegando lá, ainda comentamos: nem precisava de convite, quase ninguém deve vir. Nelson Freire lota um teatro, mas um grupo não tão conhecido não. Mero engano. Por falha de comunicação da Caixa, que anunciou o horário para às 19h30 e também para às 20h30, tivemos de esperar um longo tempo, na porta. Aos poucos, uma fila foi se formando na parte de fora. Pessoas disputavam ingressos. Na platéia, o que achei de mais bacana: muitas crianças.

O grupo sobe ao palco. No repertório, Cláudio Santoro e Heitor Villa-Lobos. Mas também Manoel, o Audaz, do Toninho Horta, Ponta de Areia, do Milton Nascimento, e Samba de uma nota só, de Tom Jobim.

No site do grupo, pode-se ler:

O PianOrquestra é o resultado de anos de pesquisa cujo objetivo é transformar o piano em sua própria orquestra. O grupo inova o conceito tradicional da utilização do instrumento pela exploração das infinitas possibilidades de timbres e sonoridades produzidas por 10 mãos em 1 piano. O Pianorquestra reinventa o piano preparado ao adaptá-lo para o contexto da música brasileira, com a exploração de elementos étnicos das raízes brasileiras.

A apresentação tem um quê de lúdico. Mas ao mesmo tempo é feita de pesquisa e trabalho sério. Fiquei ali maravilhada, sentindo aquelas sonoridades todas saindo de dentro do piano. De arrepiar. Gostei muito e indico. Quem tiver oportunidade, não perca. No final da apresentação, os cinco músicos voltaram ao palco para um bate-papo. Era o momento de responder perguntas e curiosidades. E ali ficaram mais uns vinte minutos. Mostrando os sons e instrumentos possíveis de existir dentro de um único piano.
xô, cólica
xô, cólica
xô, cólica

pensamento positivo

fora, cólica
fora, cólica
fora, cólica

a mente é poderosa

sai, cólica
sai, cólica
sai, cólica

respira, expira, respira, expira...

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Aquele café em pó que a gente compra no supermercado é do tipo tradicional. Uma mistura de dois tipos de grãos: o arábica (grão selecionado, um bom café) e o robusta (intragável, muito forte e amargo). Outras duas classificações do café são: superior e gourmet. Ou seja, aquele café que a gente costuma beber em casa é o piorzinho, amador, nada nada sofisticado. Fiquei magoada agora. Ninguém nunca me contou que esse café em pó é tão pobrezinho.

Mas amanhã tomarei café de verdade. À convite de um dos maiores entendedores de café de Brasília, o barista italiano Antonello Monardo. Coisas boas que a vida de jornalista me dá.
Você pode escolher quem é o grande garoto dessa deliciosa história: Marcus, o menino de 12 anos que se comporta como adulto, ou Will, um homem solteiro de 36 anos que encara a vida como um adolescente. Uma dica: talvez a síntese dos dois é que seja, de fato, o garoto protagonista. Eles se conhecem por acaso e, após uma quase-antipatia de mão dupla, acabam virando amigos.

Essa é a sinopse do livro O Grande Garoto, do inglês Nick Hornby. Pois é. Já me disseram que o filme é muito bom. Quando eu disse a dois amigos que eu lia lia lia o livro e nada demais acontecia, eles falaram: vai acontecer. O filme, então, deve ser mais emocionante que o livro. Achei de uma superficialidade sem tamanho. As 268 páginas podiam ser muito bem resumidas em umas... digamos.. 10. Estaria ótimo. Eu não li nenhum outro livro do Hornby. Sei que ele é conhecidíssimo na Inglaterra, que isso e que aquilo. O jeito que ele escreve é legal, mas é um homor um pouco frágil demais, bobo demais.

Depois de tanto tempo tomando coragem para chegar ao fim do livro, cheguei. Mas não cheguei, entende?

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Migrei minha conta do blogger antigo para o blogger novo. Mas não vi ainda diferença alguma, fora a senha que passa a ser a mesma do gmail (mais uma ação para o google tomar conta do mundo virtual, e real). O que tem de novo aqui que eu ainda não descobri?
A Buzu (pode ter link?) é suspeita pra falar. Mas mesmo assim eu vou comentar um post que ela escreveu. Ler os arquivos antigos, organizados por datas lá no pé da página, me fez lembrar o início da minha vida blogueira. Um pouco depois de eu criar o primeiro blog, Ahneim, em 2002, ela também criou o primeiro de uma série, o Segredos de Liquidificador. Depois vieram muitos. Na minha lista, consegui me lembrar de cinco blogs diferentes. Além de um secreto, que tive há muito tempo, mas cujo nome eu confesso não me lembrar agora. Na lista dela, impossível contar nos dedos quantos blogs já existiram. Secretos foram muitos. Que depois de um tempo acabavam se tornando público. Fora os que devem ter sido criados e que eu nem fiquei sabendo. Mas o que eu queria dizer mesmo com este post é que algumas pessoas conseguem manter um mesmo blog por muitos e muitos anos. O que acaba virando uma identidade, uma marca da pessoa. Um exemplo é o Sorvete de Casquinho, da Naty. Desde quando eu criei o meu primeiro blog e passei a acompanhar a vida de alguns blogueiros da vida, o Sorvete existe, tem o mesmo template, a mesma letra, o mesmo jeito de escrever. A autora, com certeza, passou por mil e uma mudanças no decorrer desses anos todos. Por muito tempo, li tudo que ela escrevia diariamente. Trocamos e-mails e comentários. Lembro da primeira vez que ela postou uma foto. Hoje, se eu encontrasse na rua, a reconheceria. Isso não é muito maluco? Com o passar dos anos, esse mundão da internet meio que ficou distante de mim. Mas às vezes, quando estou com tempo, quando quero ler coisas bacanas na internet, entro no Sorvete. E sinto saudade do tempo em que eu acompanhava de perto a vida de pessoas que, mesmo distantes, lá no Recife, por exemplo, estavam perto, num clicar do mouse. E acho que eu invejo esse tipo de gente, que consegue manter uma coerência, uma base, um ponto fixo na internet, mesmo com todas as mudanças que acontecem na vida da gente. Eu enjoava dos meus blogs. Alguma coisa me acontecia e lá ia eu trocar o blog, trocar tudo, começar de novo. Mas o que muda é apenas o endereço. O layout. O que é assustador, por um lado. Por mais que eu tenha criado blogs diferentes, é possível eu colocá-los todos ali, no pé da página, nos arquivos, como a Buzu fez. A conclusão que se pode chegar é que mudar demais só dá trabalho depois, quando surgir aquela vontade de guardar tudo, de deixar parte da nossa história registrada, pra que um dia, quando não estivermos mais neste mundo, alguém consiga ler um pouco do que deixamos por escrito.

Daí eu só consigo pensar no diário da Anna Joaquina. Uma mulher da Cidade de Goiás que escreveu em caderninhos o que acontecia no seu dia e na cidade onde morava. De 1880 a 1930! Cinquenta anos de diário. Todos esses anos estão em cadernos escolares. Com a data registrada na capa. Quando eu e um colega fomos ler, pesquisar e transcrever tudo que essa mulher deixou escrito, não tivemos dificuldade em colocar as informações na linha do tempo. O trabalho já havia sido feito por ela. Bastava entendermos as letras grafadas com o estilo do século XIX e deciframos alguns códigos e dizeres de trás pra frente. Ela e a Naty têm algo em comum. Uma em 1880, outra no ano 2000. Uma com diário em papel. Outra com blog na internet.

Fui pensando nisso tudo enquanto escrevia. Agora, me veio à cabeça uma pergunta. Será que isso rende um projeto de monografia?

terça-feira, janeiro 23, 2007

Distração
(Christiaan Oyens e Zélia Duncan)

Se você não se distrai, o amor não chega
A sua música não toca
O acaso vira espera e sufoca
A alegria vira ansiedade
E quebra o encanto doce
De te surpreender de verdade

Se você não se distrai, a estrela não cai
O elevador não chega
E as horas não passam
O dia não nasce, a lua não cresce
A paixão vira peste
O abraço, armadilha

Hoje eu vou brincar de ser criança

E nessa dança, quero encontrar você
Distraído, querido
Perdido em muitos sorrisos
Sem nenhuma razão de ser
Olhando o céu, chutando lata
E assoviando Beatles na praça
Hoje eu quero encontrar você

Se você não se distrai
Não descobre uma nova trilha
Não dá um passeio
Não rí de você mesmo
A vida fica mais dura
O tempo passa doendo
E qualquer trovão mete medo
Se você está sempre temendo
A fúria da tempestade


Há uma semana eu "redescobri" o último disco da Zélia, o Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band. Entre Lenine, Maria Rita, Chico, Adriana Partimpim e outros queridos, lá está a Zélia de novo no meu som. Por causa de duas músicas: Distração, cuja letra está aí em cima, e Benditas, que me dá um treco cada vez que eu ouço. Depois de crises existenciais, de momentos mais tristes que alegres, são essas as duas músicas da trilha sonora do que eu quero pra minha vida. Quando eu ouço essas duas canções, uma luzinha acende. Vem uma vontade de mudar, de me distrair um pouco mais, de não temer a fúria da tempestade, de conhecer lugares novos, mundos novos. De deixar os problemas serem apenas problemas, nada mais. De viver com mais tranquilidade. Tentar carregar o mundo nas costas e sonhar em ser a mulher maravilha para resolver todos os problemas que me cercam me renderam uma disritmia cerebral. Consequentemente, dores de cabeça, irritação, nervosismo e crises de choro. Agora o disco virou. Promessas de ano novo. São muitas, sabe?

Benditas
(Mart’nália e Zélia Duncan)

Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas
A vida é curta

Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre o amor não mente, não mente jamais
E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros
Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma
Acabei com um blog num dia. No outro me deu vontade de fazer um novo. Depois pensei em escrever em um caderno meio de bruxa que ganhei de presente há muito tempo. Ele está lá, guardado na estante. Mas sinto que ainda não chegou a hora certa de escrever naquelas páginas marrons. Enquanto isso a idéia de blog ficou martelando na minha cabeça. Mais um. Novo. Tudo novo de novo. Outro nome, outro template. Não gostava do anterior. Nele eu não tinha vontade de escrever. Criei meio de supetão e depois o achei feio. Então resolvi deixar de lado os pensamentos e partir para a ação. A primeira providência foi pedir um template de presente pra Buzu. Ela, que desenhou os blogs mais bonitos que eu tive. E ganhei. Mais rápido do que eu esperava. O resultado é este aqui, que eu adorei. Esse amarelo me trouxe uma sensação boa. Foi paixão à primeira vista. A vontade de postar voltou, bem forte. Obrigada, Bu. Um dia eu aprendo a brincar de criar templates e juro que prometo fazer os meus sozinha. Serei gente grande, tecnologicamente falando.

Sobre o nome do blog. Ontem fiquei pensando nisso um tempão. Li encartes de discos. Li trechos de A Convidada. Pensei em algo relacionado a Paris, a cidade que habita os meus sonhos. O lugar de onde tenho mais saudade. Ok, não conheço tantos lugares assim no mundo, nem no Brasil. Mas é Paris que me vem à cabeça quando penso em fugir do meu mundinho de Brasília. Foi em Paris que passei os dias mais especiais da minha vida. Foram três dias apenas, que estão ligados a outros 14 em Londres. Tudo está meio que misturado no ranking de dias especiais dos meus 26 anos. Mas Paris, ah, Paris tem todo um significado pra mim.

Deixando a cidade das luzes de lado, peguei Pequeno Dicionário das Palavras ao Vento, da Adriana Falcão. Li palavras e mais palavras. Quando bati o olho em Vaivém, pronto. Estava escolhido o nome do meu novo blog.

Vaivém
Quando a certeza está com uma preguiça danada

Que ele seja infinito enquanto dure.
Tutuzinha, mon amour,

blog novo, amarelim e com menina sorridente e deitada, como você é e gosta de estar. Que você volte definitivamente, prá eu ficar feliz com blog seu, que é essa coisa tão gostosa de ler. Te adoro!

Beijos,

Bu