sábado, fevereiro 17, 2007

E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, o lelê, ai que vida boa, o lalá
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, o lelê, ai que vida boa, o lalá
Gosto disso. De acordar e não ter ninguém em casa. Música alta, janelas todas abertas. Posso andar sem roupa pelo apartamento. Fazer o que eu bem entender. E ainda por cima não precisar conversar com ninguém. É assim a tal chamada liberdade?
Hoje é sábado, meu único dia de folga nesse carnaval. Stefany e Igor saíram de Brasília cedinho, rumo a Patópolis City. Confesso que me deu até um aperto no peito. Vontade de ir na mala, de fugir, de descansar um pouco. Mas tenho de ficar aqui, não tem outro jeito. Ossos do ofício. É melhor aceitar e encarar tudo numa boa. Carnaval é descanso para muitos e trabalho para outros tantos. Um dia estarei do outro lado e até sentirei saudades dessa correria toda. Pelo menos eu acho que sim.

Amanhã tenho de cobrir o carnaval do Sara Nossa Terra de manhã. Baratinha no início da tarde. Pacotão logo em seguida. E, segundo um dos meus chefes, achar alguma coisa de política. Perguntei à minha editora se posso colocar uma pitada de ironia e brincadeira nas matérias. A resposta foi sim. Então amanhã esse povo que me aguarde.

Hoje, meu único dia de folga, eu poderia acordar tarde. Mas preferi sair da cama às 9h. Quero arrumar a casa, passar um pouco de roupa, ler algumas coisas na internet, ouvir música, ir ao supermercado. À tarde, ficar "grudada" no namorado. E só desgrudar amanhã, quando volto ao batente.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Hoje eu só queria a minha cama...
E o relógio não passa. Tic tac tic tac...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

14 de fevereiro.
Valentine's Day
;)
Hoje acordei com a sensação de ter sido atropelada por uma frota de caminhão. Com dor de cabeça, dor de garganta, dor no corpo, sono, cansaço, nariz entupido, frio e uma vontade muito muito muito muito grande de passar a manhã toda debaixo da coberta. Mas como trabalho é trabalho eu respirei fundo, tomei coragem e levantei da cama. Passei o dia meio mole, sonhando com uma noite muito bem dormida. Minha digníssima irmã acabou de recomendar que eu tome remédio direitinho para melhorar logo dessa urucubaca. Ela sabe que ando meio avessa à remédio. Mas essa madrugada eu não resisti. Acordei sem conseguir respirar, sem conseguir engolir. Pedi socorro ao cataflan. E até que deu uma aliviada. Mas agora, às 18h, preciso tomar coragem para ir à faculdade. Três horas de aula. que o dia termine bem.
Recebi hoje um presentão. Uma carta da Clarice Lispector para uma amiga. Quando comecei a ler, me lembrei de todo o resto. Obrigada, amore. Para ler e reler e reler e reler e reler de novo.

Berna, 2 de janeiro de 1947

Querida, Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois que uma pessoa perde o respeito a si mesma e o respeito às suas próprias necessidades - depois disso fica-se um pouco um trapo.

Eu queria tanto, tanto estar junto de você e conversar e contar experiências minhas e dos outros. Você veria que há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Eu mesma não queria contar a você como estou agora, porque achei inútil. Pretendia apenas lhe contar o meu novo caráter, um mês antes de irmos para o Brasil, para você estar prevenida. Mas espero de tal forma que no navio ou avião que nos leva de volta eu me transforme instantaneamente na antiga que eu era, que talvez nem fosse necessário contar. Querida, quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu... em que pese a dura comparação... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante. Espero que no navio que me leve de volta, só a idéia de ver você e de retomar um pouco minha vida - que não era maravilhosa mas era uma vida - eu me transforme inteiramente.

Uma amiga, um dia, encheu-se de coragem, como ela disse e me perguntou: "Você era muito diferente, não era?". Ela disse que me achava ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou esta calma excessiva é uma atitude ou então ela mudou tanto que parece quase irreconhecível. Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de cinqüenta anos. Tudo isso você não vai ver nem sentir, queira Deus. Não haveria necessidade de lhe dizer, então. Mas não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você mesma uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver.

Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Isso seria uma lição para mim. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade de alma.
Tua Clarice

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Ontem foi o primeiro dia de aula de verdade. Jornalismo empresarial. O professor tem mestrados em Londres, Tóquio, em alguma cidade dos Estados Unidos cujo nome não me lembro, além de um currículo pomposo. O que não quer dizer necessariamente que o cara seja bom. Mas pelo menos me pareceu sério e não mais um pilantra que quer apenas ganhar uma grana extra. Gostei da aula. Planos de negócios, comodificação da informação, outros termos técnicos que nem sei o que significam. Ele disse que não quer que saibamos apenas escrever releases para empresas públicas e privadas. Mas montar uma empresa de comunicação caso esse seja o nosso objetivo daqui a uns anos. Nos últimos tempos tenho me interessado mais por esse lado econômico e empresarial do jornalismo. Acho que todo jornalista deve entender um bocado de negócios. Saber qual grupo domina qual veículo, quem comprou quem. Esse lado meio obscuro, meio secreto, do mundo da comunicação. Eu sou uma analfabeta nesse assunto. Acho que chegou a hora de aprender.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Quase cinco da tarde. Eu na redação. Almocei às 11h30, então a fome já estava sobrevoando meu estômago. Fechava uma matéria sobre o decreto que dá autonomia para policiais civis e militares fecharem bares caso constatem "ameaça iminente de ocorrência grave no local" quando o fotógrafo do jornal chegou com um embrulho de presente para mim. Três kibes do Beirute!! Para escrever minha matéria, conversei com um dos donos do bar. Depois pedi ao fotógrafo para passar lá e fazer uma foto. E o cara mandou essa lembracinha, tão gostosa. Pra você morrer de inveja. Coisas boas dessa nada mole vida de jornalista.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Engraçado como temos prontos vários discursos, sobre tudo o que nos diz respeito. Hoje, quando o despertador tocou às 7h20 da madrugada, pulei da cama. Sabia que se enrolasse dois minutos que fosse eu ficaria debaixo do cobertor até 8h30. Comi uma banana, coloquei calça, camiseta e tênis, peguei o guarda-chuva, um casaco e uma toalhinha, e saí de casa. Sem pensar muito. Antes que eu desistisse. Há uma semana não ia à academia. E, definitivamente, não vou gastar dinheiro à toa. Dinheiro é algo que não anda sobrando, muito pelo contrário. E foi apenas essa questão monetária que me fez ter coragem de sair da minha cama, às 7h35 da manhã, e sair naquele frio e chuva de verão. Enquanto andava até chegar à academia, dizia para mim mesma: não nasci para acordar cedo, não mesmo, não continuarei me enganando assim, irei à academia três vezes por semana e pronto, pra quê fingir acreditar que irei de segunda a sábado se não cnseguirei acordar cedo todos os dias? e no mais, acordar cedo é sacrifício, não é nada nada bom. não posso me obrigar a fazer sacrifícios assim. sei que malhar é importante, mas não preciso emagrecer assim rapidamente, posso tentar ir com mais calma. Cheguei à academia. Alonguei. Vinte minutos de esteira. Bom, bom. Depois, 25 minutos de transpoting (não me lembro como escreve, mas tudo bem). Abdominais, poucos. Alongamento novamente. Caminho de volta à casa. Ok, nem foi ruim, me sinto tão bem depois de fazer exercício que vale a pena, sim, acordar mais cedo. basta não pensar muito quando o despertador tocar. levante da cama e saia. preciso emagrecer, não estou satisfeita com meu corpo, tenho de agir então. ficar dormindo mais 40 minutos não irá diminuir o meu sono e minha vontade de dormir. o ideal seria acordar às 9h30 todos os dias, mas como existe uma coisa chamada trabalho na minha vida, acordar cedo agora é obrigação. então que eu acordei mais cedo um pouco e faça algo de útil por mim mesma. preciso pensar mais em mim, na minha saúde. e, uau, olha que disposição, estou me sentindo bem melhor. amanhã irei novamente, está decidido. quanto mais vezes por semana, melhor.

Ser humano é um bicho curioso. Usa o cérebro para, dia após dia, convencer a si mesmo.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

E sobre o fim de semana, restou muitas boas lembranças. Renata e Júnior passaram um pouco mais de 24 horas em Brasília. Mas foi tão tão tão bom. Boa conversa e muita risada. Precisamos fazer isso mais vezes. Vocês passam dois dias aqui, nós passamos dois dias aí. Até a mudança definitiva de vocês para cá. Afinal, emprego é o que não falta, né? hihihihihi
Hoje (re)começam as aulas. Não terei mais as minhas noites para ir à academia, ver novela, ir ao cinema, passear. Coisas da vida. Falta apenas um ano, três já se foram. Coragem, coragem.

Mas, por incrível que pareça, estou até animadinha. Tenho planos e sonhos para buscar. Agora preciso sentar, pensar e organizar melhor as 24 horas do meu dia. O que, pra mim, é a parte mais difícil. Organização e disciplina. Quem sabe eu consigo ;)
Estou bem, pessoas. Meia garrafa de vinho me deixou mais carente e chorona do que o normal. Mas, confesso, adorei receber tanto carinho nos comentários do post ali embaixo. Desse jeito eu fico dramática e chorona todos os dias. E vocês não me suportariam mais.

domingo, fevereiro 04, 2007

sábado, fevereiro 03, 2007

Acabei de chegar do cinema. Assisti ao filme À Procura da Felicidade. Quando li a sinopse no caderno de cultura, pensei na hora: que filme chato. Mas não sei se hoje eu já tinha passado o dia pensando em planos e planos para o futuro, em como precisamos ter coragem e ir atrás do que queremos, que isso acabou interferindo no meu gostar do filme. Gostei, ponto. Até chorei. O que nem é difícil acontecer.

Mas o melhor foram as companhias. Rafa e Alê, duas colegas de trabalho. Depois de uma semana pauleira, fechamos as matérias de fim de semana e corremos pra pegar a sessão das 21h. Chegamos 10 minutos atrasadas, mas a tempo de pegar o início do filme. Um corre-corre que valeu a pena.

Agora preciso dormir. Pra acordar cedo e esperar minhas visitas. ?
Nina, você não é a primeira que reclama da letra branca no fundo amarelo. Mas gosto tanto desse amarelim. Um dia eu troco (leia-se a ela troca). Mas não se preocupe. Hoje você viu o Chico Buarque. Problema de vista, depois de uma cena assim, você não terá nunca!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Amanhã já é sexta-feira. Impressionante. Esta semana passou voando. Aniversário do namorado passou, domingo acabou, e lá se foram segunda, terça, quarta e, agora, quinta. Fiz matérias sobre a implosão da Bibabô, sobre o novo cinema de Brasília, sobre pesquisa de emprego e desemprego e tantos outros assuntos. Vi de perto os barracos que foram derrubados na invasão do Setor de Inflamáveis, próximo à Estrutural. Conversei com catadores de lixo que ganham R$ 150 por mês, têm uma penca de filhos, moram em barracos e vivem cercados de lixos e mosquitos por todos os lados. E descobri que é ter a possibilidade de conhecer de perto esses lugares, de conversar com pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais, que me dá energia para trabalhar todos os dias. Porque esse clima de jornal, essa barulheira, essa pressão, essa concorrência maluca, tudo isso me faz ter vontade de passar menos tempo no trabalho. E ter mais tempo livre.

E segunda começam as aulas. Não li sequer um décimo dos livros que planejei ler. Não vi metade dos filmes que queria assistir. Não estudei, não fui a todos os médicos, não viajei. Cada dia eu percebo mais que não adianta esperar o momento certo para fazer coisa alguma nessa vida. Fico pensando que quando eu acabar a faculdade, terei tempo à noite para ir à academia, para passear, para namorar, para conhecer lugares e pessoas diferentes. Que nada. Sempre terei compromissos para cumprir, cansaço para descansar, sono para dormir, comida para comer, roupa para lavar, casa para arrumar. Temos de arrumar tempo é agora. Carpe Diem.