segunda-feira, novembro 20, 2006

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro agora é bem cultural da cidade

Amanhã será dada a largada para a 39ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O Cine Brasília será a segunda casa de muitos amantes do cinema brasileiro, que receberão uma boa notícia nesta 39ª edição. Esta semana deverá ser assinado pela governadora do Distrito Federal, Maria de Lourdes Abadia, o registro do festival. O Festival de Brasília passa a ser, oficialmente, um bem cultural da cidade.
Luciana de Maya Ricardo, técnica da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura do DF, afirma que o festival já é, com ou sem registro, um bem cultural da cidade.
– Foi a população quem legitimou o festival. Agora o registro legitima oficialmente o evento – diz.
Segundo ela, na edição do festival do ano passado, foram colhidas cerca de 600 assinaturas na porta do Cine Brasília. Seiscentas pessoas que acreditavam que o festival deveria ser reconhecido como um bem imaterial da cultura da cidade.
A idéia do registro partiu do cineasta Pedro Jorge de Castro, o primeiro diretor brasiliense a ganhar um prêmio no Festival de Brasília. O ano era 1977 e o filme vencedor, o curta Brinquedo Popular do Nordeste. O cineasta entrou com o pedido de registro do festival dois dias antes do início da edição do ano passado. Segundo ele, o pedido foi feito com base no princípio de que as sociedades não vivem sem seus rituais.
– O Festival de Brasília é um ritual. Ele sempre acontece no mesmo cinema. O Cine Brasília é a Catedral da Liturgia do festival. Tem também a Sacristia, onde tudo é preparado. A sacristia do festival é o Hotel Nacional – afirma.
Nas palavras do cineasta, as metáforas continuam.
– O Festival de Brasília sempre foi o parlamento do cinema brasileiro. Nos tempos da Ditadura Militar, era lá que, escondido, se discutia a política nacional de cultura e questões importantes como a censura – afirma.
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nasceu na capital do país em 1965, em pleno período militar. Nos anos 1972, 1973 e 1974, o festival foi interrompido, acuado pela censura imposta pelo governo. De acordo com o cineasta, o registro, além de legitimar um bem cultural da cidade, tem a função de fazer com que o festival não deixe de ser realizado. Independente do governo, independente de patrocínio. Foi pedido também que seja sempre mantido o núcleo do festival, que são as mostra competitivas de curta e longa metragem.
O cineasta que encaminhou o pedido de registro do Festival de Brasília à Secretaria de Cultura quer mais. Propõe agora que a organização do evento envie convites para que professores do ensino público, médicos, bombeiros, pedreiros, trabalhadores comuns tenham a chance de assistir ao cinema brasileiro, de fazer parte do grupo de amantes do cinema que lota o Cine Brasília durante todos os dias do festival.
– Os festivais têm a tradição de mandar convites para quem faz cinema. Nós somos especialistas em fazer cinema. Mas o cinema precisa mesmo é de especialistas em bilheteria. O Brasil precisa formar platéia – acredita.
O registro do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro segue o mesmo caminho do tombamento do Cine Brasília. Inaugurado dentro da programação que comemorou a transferência da capital do país em 1960, o Cine Brasília deverá ser tombado como patrimônio histórico da cidade ainda este ano. Tombamento e registro têm uma diferença: o primeiro é realizado com bens materiais. O segundo, com bens imateriais.

(matéria minha, então posso copiar todinha, hihihhi)

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